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O movimento tem potencial para ser mais lucrativo em países onde boa parte da população está comprando online pela primeira vez
Daqui a alguns anos, quando o impacto da pandemia sobre o setor empresarial tiver sido analisado, é provável que o aspecto mais lucrativo seja como a Covid-19 empurrou enormes mercados para a nova era do comércio eletrônico.
Em muitos países, as compras online não avançavam devido à infraestrutura deficiente e à relutância ou impossibilidade de uso de bancos e meios eletrônicos de pagamento. Em muitos lugares, o crescimento estava paralisado, mas o tumulto trazido pelo coronavírus forçou mudanças rápidas.
No México, menos da metade dos adultos tem conta bancária e menos de 5% das vendas no varejo eram realizadas pela internet antes da pandemia, o equivalente a um terço da média global. A falta de acesso ao sistema bancário e a falta de confiança no sistema financeiro deixaram o país de fora da disparada do comércio online observada nos EUA, Europa e China.
Mas quando as lojas foram fechadas para conter o contágio pela Covid-19, milhões de mexicanos começaram a comprar pela internet. As empresas locais foram rápidas no gatilho e avançaram o ecossistema online em anos, gerando um salto de 54% nas vendas pela web.
Turbulência semelhante sacudiu outras grandes economias, como Índia, Rússia e Brasil, que demoraram a abraçar o e-commerce.
A Covid-19 acelerou a migração no mundo todo, mas o movimento tem potencial para ser mais lucrativo em países onde boa parte da população está comprando online pela primeira vez. Na Índia, o e-commerce representou apenas 6,5% do mercado no ano passado, menos de um quarto da parcela observada na China.
Alguns desses mercados são mais fragmentados e disponíveis porque há menos empresas dominantes. As varejistas nesses locais estão correndo atrás de líderes globais, criando sistemas de pagamento mais seguros, expandindo redes de distribuição para agilizar as entregas e ampliando o atendimento aos clientes em plataformas como Facebook e WhatsApp. A MercadoLibre, maior e-commerce de varejo da América Latina, chegou a usar aviões próprios para reduzir o tempo de envio de remessas.
No Brasil, as vendas online aumentaram 66% em 2020, mais que o dobro da taxa de crescimento nos EUA, de acordo com a Euromonitor. Companhias tradicionais, como Via Varejo e Magazine Luiza, estão usando plataformas de mensagens como WhatsApp para oferecer promoções e finalizar transações, segundo pesquisa do Goldman Sachs.
As redes varejistas também estão testando transmissões ao vivo para vender produtos e começando a enviar encomendas a partir das lojas, o que já é prática comum em outros mercados.
A Índia é ainda mais atraente, com mais de 1 bilhão de habitantes e o terceiro maior mercado de varejo do mundo, atrás apenas dos EUA e da China. Porém os obstáculos são maiores. Apenas metade das residências está conectada à internet.
Segundo o Goldman, a projeção é que o mercado online do país triplique até 2024, movimentando cerca de US$ 100 bilhões. O impulso viria dos pedidos a supermercados e das iniciativas da Reliant Industries, a maior companhia da Índia, nas áreas de tecnologia e comércio eletrônico.
No mundo todo, a expansão do comércio eletrônico também pode reduzir as margens de lucro porque varejistas precisam gastar mais com frete e redes de distribuição. E os compradores fazem menos compras por impulso na internet do que nas lojas, o que significa algumas vendas perdidas.
Mas com a Covid-19 ainda avançando, as empresas não podem deixar de aderir à onda online que colabora para os lucros históricos do setor.
“O crescimento do nosso negócio no México tem sido notável”, disse o diretor financeiro da MercadoLibre, Pedro Arnt, durante a teleconferência de discussão dos resultados, em novembro. E há “grande oportunidade ainda por vir”.
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Fonte: Infomoney
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